sábado, 21 de junho de 2014

Uma mochila por um ano de livros didáticos

Empresa indiana reverte lucro de cada peça vendida em material escolar para crianças de baixa renda de comunidades rurais
A Índia concentra o maior número de analfabetos do mundo. Segundo dados da última edição do Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, lançado no começo deste ano pela Unesco, o país concentra mais de um terço dos 743 milhões de adultos que não sabem ler nem escrever.
Na tentativa de reverter essa situação, o estudante da universidade norte-americana Stanford, Aditya Viswanathan, de origem indiana, criou a Jatalo, uma empresa de mochilas que reverte o lucro de cada peça vendida em livros didáticos para uma criança de baixa renda durante um ano.
crédito Divulgação

Segundo ele, o alto preço dos livros e do material escolar é um dos fatores que faz as crianças desistirem dos estudos e fornecer esse material estimula a permanência na escola e o interesse em aprender.
Hoje a Jatalo auxilia mais de 40 crianças de duas escolas de comunidades rurais indianas: a Matunga Lions Pioneer English School, em Mumbai, e a Little Stars School, em Varanasi. A empresa disponibiliza em seu site um perfil com foto de cada estudante para eles contarem um pouco quem são e o que gostam, como quais são seus hobbies, o que preferem estudar e o que querem ser quando crescer.
Dhondore Ashwini Pramod, por exemplo, é aluna do 9o ano e sonha em ser arquiteta. Quando perguntada sobre o momento mais feliz de sua vida, disse que ainda espera esse momento acontecer, que para isso se realizar o mundo precisa ser um lugar com menos desigualdades sociais.
A transparência do auxílio é bastante ressaltada por Viswanathan no site da empresa, já que não é feito através de alguma organização social. A empresa tem contato direto com as instituições para fazer a doação. “Queremos encorajar crianças pobres a melhorar suas condições de vida através da educação, mas também conscientizar o mundo todo sobre a situação delas e dar uma chance para todos ajudarem. O que quer que você carregue na sua mochila Jatalo, estará levando junto o futuro de uma criança pobre”, explica.
As mochilas são vendidas a US$ 59,90 e podem ser compradas pela internet.
Fonte: http://porvir.org/porfazer/uma-mochila-por-um-ano-de-livros-didaticos/20140617

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bil Gates: - O que os professores significam para mim.


Até hoje, eu me lembro o nome de praticamente todos os professores que eu já tive. Na escola eu tinha um professor de química fantástico chamado Daniel Morris. Ele me deu um momento difícil e me disse que eu estava apenas começando. Eu sempre fiz bem em química analítica, mas eu odiava todas aquelas pipetas e tubos de ensaio em laboratório. Ele sabia disso, e ele ainda conseguiu me levar para o laboratório para fazer experiências, e eu tinha uma compreensão muito melhor por causa disso. Posso traçar um monte de meu amor da ciência para as demandas que ele colocou em mim.
Eu pensei sobre o Sr. Morris, enquanto eu estava assistindo a uma prévia do TEACH , o excelente documentário exibição amanhã à noite na CBS que segue quatro professores ao longo de um ano escolar. (Melinda e eu dei algum dinheiro para ajudar a obtê-lo produzido.)
Ambos Melinda e eu me sinto sortudo por ter tido professores incríveis que nos inspiraram.Achamos que toda criança merece a mesma coisa, porque toda criança merece uma grande educação. Um grande professor pode mudar a vida de um estudante, e isso não é só um ditado em um adesivo. Há ampla evidência de que o ensino é o principal fator na escola no desempenho do aluno. É mais importante do que o tamanho da classe, currículo ou qualquer outro elemento na escola.
Através da fundação do trabalho em educação nos últimos 13 anos, tenho vindo a apreciar o que é uma tarefa difícil ter professores. As salas de aula são muitas vezes lotado. Há quase nunca dinheiro suficiente. Alguns de seus alunos já estão atrás no início do ano. Por isso, é incrível para visitar uma sala de aula e assistir a um professor realmente eficaz superar todos os desafios e alcançar todos os alunos, sejam eles muito atrás ou à frente da classe ou no meio. Faz com que você quer saber o que faz com que aquele professor tão bom e como podemos ajudar mais professores ser tão eficaz.
Essa questão é especialmente urgente agora. Na próxima década, cerca de metade dos professores de hoje vai se aposentar. Perder tudo o que conhecimento e experiência é obviamente difícil. Mas é também uma grande oportunidade para trazer uma nova geração de jovens brilhantes, talentosos e dar-lhes o apoio que deseja e merece. Isso inclui a criação de um sistema onde obter feedback útil sobre a sua prática. Significa, também, ouvir suas idéias sobre o que funciona na sala de aula (e que não funciona). Por exemplo, os professores cada vez mais querer incorporar aplicativos e sites da Web em seu trabalho com os alunos, mas eles dizem que está sobrecarregado por todas as opções.Então lançamos recentemente Grafite , um site que ajuda a conectar com a melhor tecnologia educacional.
TEACH lhe dá uma boa idéia de como os professores trabalham duro e os desafios que estão enfrentando. Você vê cada professor para tentar novas idéias e ser treinado. Você começa a conhecer alguns de seus alunos também. Alguns deles enfrentam probabilidades muito longas. É muito emocionante, e no final, eu estava realmente torcendo por cada um dos professores e seus filhos. Eu não podia esperar para ver como as coisas aconteceram para eles.
Espero que muitas pessoas assistir o documentário e ganhar algum apreço por aquilo que é preciso para ser um grande professor. Talvez ele vai até inspirar alguns jovens a se tornarem professores. Se o fizerem, eles serão se inscrever para um dos trabalhos mais importantes do mundo. Eles merecem o nosso apoio, gratidão e admiração.
Fonte: http://www.gatesnotes.com/Education/TEACH

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Aulas tradicionais perde espaço para alunos cada vez mais conectados

Sala de aulaAFP
Washington - A professora April Burton explica as regras da gramática francesa ou detalha expressões e aspectos do vocabulário do idioma como faria normalmente em sala de aula, só que em um vídeo de cinco minutos a que seus alunos assistem em casa, em computadores ou smartphones.
No dia seguinte, eles farão os exercícios práticos na presença dela, de acordo com chamado método "invertido", uma forma diferente de ensino, possível graças às novas tecnologias digitais que estão transformando a educação.
Burton, professora do Liceu Francês Francis Howell, em Cottleville, no estado do Missouri, decidiu lançar mão dessa estratégia pedagógica porque sentiu que "as coisas precisavam mudar". "Havia tanto o que fazer com os estudantes, mas nunca tínhamos tempo", afirmou.
Essa estratégia de ensino é popular nos Estados Unidos desde a postagem na internet dos vídeos da Academia Khan (http://www.khanacademy.org/), que oferece gratuitamente milhares de cursos e exercícios online.
Para levar esta metodologia adiante, a professora precisou modificar um software e criar uma página na internet e um novo tipo de apresentações de PowerPoint. "Madame Burton", como a professora passou a ser chamada no seu site, tem 14 anos de experiência e explica as regras da gramática ou detalha expressões e aspectos do vocabulário em um vídeo de cinco minutos que seus alunos assistem de casa.
"A aula tradicional deixou a sala de aula e os estudantes agora aproveitam o tempo em sala para fazer exercícios, pesquisas pessoais, trabalhos em grupo e apresentações", disse.
No vídeo em que explica a conjugação do verbo "pouvoir" se pode ouvir sua voz, vê-la escrevendo no quadro e sublinhando as palavras. Para ensinar os adjetivos demonstrativos, a professora adiciona desenhos e fotos. "Na verdade, o que digo com um Power Point, antes seria explicado em aula", explicou.
O estudante abre de casa o vídeo no computador, no tablet ou no celular e pode fazer as lições no seu ritmo, além de fazer anotações. Caso não entenda alguma coisa, pode perguntar no dia seguinte na sala de aula. "Entro na sala, falo individualmente com cada estudante e vejo se há alguma pergunta. Passo a conhecê-los melhor, já que estou falando de igual para igual", disse Burton.
"Em tese, há muito tempo se pode dizer aos estudantes: 'Peguem o livro em casa, leiam este capítulo e venham fazer as tarefas na escola', mas, se isso funcionasse, já seria feito há muito tempo. Porém, o vídeo é uma maneira muito mais fácil", afirmou à AFP Pascal-Emmanuel Gobry, fundador da Noosphere, uma empresa de pesquisa voltada para a relação da educação com as novas tecnologias.
Os tablets, smartphones e reprodutores de música, cada vez mais sofisticados, podem armazenar milhares de aplicativos, softwares, conteúdo e imagens que podem ser fartamente usados na educação, para ampliar ou completar um curso online.
"As novas tecnologias mudaram o ensino, assim como a revolução industrial transformou a sociedade agrária", disse Mike Kaspar, representante da Associação Nacional de Educação (NEA), o maior sindicato de professores dos Estados Unidos.
Para Gaspar, essas tecnologias mudaram "a forma de passar o dia na escola, de pensar a conveniência ou não de utilizar livros impressos ou digitais, vídeos, jogos, etc.", disse.
TeachThought, uma plataforma online para educadores, prevê que, até 2028, ocorrerá uma perda de docentes e escolas, com focos de resistência e "aumento das desigualdades socioeconômicas", sobretudo pelo custo da tecnologia.
Burton destaca que as crianças de hoje são diferentes das gerações anteriores, que se sentavam em suas carteiras e recebiam as informações que os professores os davam. "Elas estão o tempo todo jogando, enviando mensagens de texto para os amigos, vendo vídeos no Youtube. Não se pode esperar que se sentem em uma sala de aula e escutem", afirmou.
Mackenzie Klotzbach, de 15 anos, gosta das aulas "invertidas". "Chego pronta para a aula, aprendo melhor", disse. "O futuro, o passado, o imperfeito... fácil. Mas os pronomes dos complementos de objeto são um pouco difíceis!"
http://info.abril.com.br/noticias/carreira/2013/06/aula-tradicional-perde-espaco-para-alunos-cada-vez-mais-conectados.shtml?goback=%2Egde_2918532_member_276863568#%21

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A escola nativa digital e seus professores órfãos pedagógicos

A escola que temos é a que sobrou, não a que construímos

Celulares nas escolas 
A escola já é nativa digital.
Há duas décadas as escolas, principalmente públicas, viam-se diante de dificuldades de toda ordem, mas principalmente aquelas oriundas do sucateamento ocorrido nas décadas do regime militar. Embora muitas escolas ainda se encontrem sucateadas, é inegável que a situação já esteve pior e não há perspectiva em curto prazo de que esse panorama vá mudar.
Nas últimas décadas as escolas “sem tudo” eram um padrão comum no ensino público (e, disfarçadamente, no ensino privado). De lousas esburacadas e falta de giz até a falta de currículos ou planos pedagógicos, a escola era uma mendiga feia que tentava abraçar as políticas de inclusão que se intensificavam nessa época. Incluir, então, significava apenas colocar mais e mais alunos dentro das escolas e garantir que eles não a abandonassem, quer pela implantação de políticas de progressão continuada, quer pela pura e simples política local de “empurrar o aluno adiante a qualquer custo” (e mesmo que esse custo significasse falsificar a documentação escolar, como ocorreu na maioria das escolas e continua ocorrendo ainda).
Diante da impossibilidade de executar qualquer plano de ensino sem o mínimo suporte, que ia da falta de papel, giz, material didático para o aluno, carteiras, merenda, etc., até a falta de uma teoria pedagógica capaz de dar conta de uma situação de inclusão forçada, o que se viu foi uma escola que deixou de ser escola para tornar-se uma espécie de presídio de crianças e adolescentes, que ali vinham sem nenhum propósito ou possibilidade de aprendizagem e que ali permaneciam, quando permaneciam, por imposição da escola e da família.
O resultado mais palpável disso é o que observamos agora quando analisamos índices como o PISA e as diversas avaliações externas de âmbito nacional ou estadual. Atualmente estima-se que essa geração que iniciou seus estudos há duas décadas constitua o contingente de mais de 50% de analfabetos funcionais presentes no ensino superior, a quantidade significativa de jovens “nem-nem” (que não estudam e nem trabalham) e uma parcela preocupante de desempregados jovens incapazes de acompanhar as formações continuadas oferecidas pelas empresas e, portanto, sem empregabilidade.
Porém, também é dessa geração um contingente considerável de professores que passaram essas duas décadas aprendendo a desaprender, a crer que a escola era uma empreita impossível e assim, adaptando-se a um modelo corrompido e insustentável, muito bem descrito pela frase “o professor finge que ensina, o aluno finge que aprende e o governo finge que paga”.
A escola que temos hoje, seus professores, gestores e técnicos são fruto dessa escola que destruímos nas últimas duas décadas e que vive ainda sob esses paradigmas, que não são apenas paradigmas de uma escola fordista, bancária, excludente, propedêutica e militarista como tem sido afirmado muitas vezes, mas também dos novos paradigmas de uma escola inclusiva, mas sem propósitos, libertária, mas sem rumo. Uma escola que se viu órfã da sustentação dos modelos repressores e excludentes que apoiavam a pedagogia e as metodologias tradicionais e, ao mesmo tempo, que foi lançada às cegas aos propósitos inclusivos e libertários que lhe foram impostos nas últimas décadas.
Pensar em inovação e uso de novas tecnologias em uma escola sem identidade ou propósitos, que perdeu seu rumo na história e ainda se encontra sucateada e mal assistida, não é tarefa exclusiva para professores ou gestores locais, mas também para os técnicos e políticos e, principalmente, para a academia e os formadores de opinião. No entanto, pode ser possível transformar parte dessa realidade a partir de ações locais, e para isso as novas tecnologias, quando vistas como oportunidades de intervenção nas práticas pedagógicas, podem ser ferramentas poderosas.
Escolas sucateadas, ao contrário do senso comum, são bons ambientes para a inovação com práticas envolvendo as TDIC, tanto quanto são ambiente fértil para “pequenas revoluções” que devolvam a professores, alunos e gestores locais noções de autonomia, responsabilidade e liberdade (de cátedra e de aprendizagem).

Quando uma solução é vista como problema

Em todas as oportunidades de formação de professores, quer para uso das novas tecnologias, quer para uso das velhas didáticas, a grande dificuldade que se percebe nos professores não diz respeito às novidades tecnológicas ou mesmo à concepção teórica de uma escola inovadora e libertária, mas sim à práxis pedagógica, à transposição desses conceitos para metodologias de ensino, práticas efetivas de sala de aula e ideologias que acolham essas novas concepções no cotidiano do fazer pedagógico.
As novas tecnologias ainda são vistas como “novos problemas” por um razoável número de professores simplesmente porque eles não sabem o que fazer com elas. Mas o que pouco se comenta e, de fato, é a parte importante da raiz do problema da inovação pedagógica, é que esses professores também não sabem o que fazer sem elas!
O professor que não sabe o próprio currículo que tem que ensinar, que não sabe ensinar nem a alunos interessados em aprender e nem é capaz de preparar minimamente suas aulas para além do Ctrl+C do livro didático e Ctrl+V na lousa, esse professor não precisa de novas tecnologias, precisa de uma nova profissão. No entanto, as redes educacionais não podem prescindir desses professores, porque não há outros melhores para substitui-los e, ao fim e ao cabo, eles foram formados e treinados tal como se apresentam.
Um exemplo notório de como as TDIC estão sendo amplamente desperdiçadas como ferramentas de ensino e aprendizagem é o uso, ou falta dele, dos mobiles (smartphones, tablets, netbooks, notebooks, etc.). É um fato incontestável que mais da metade dos alunos na maioria das escolas públicas ou privadas, quer nos grandes centros quer nas mais distantes periferias, possui atualmente um smartphone. Também é um fato inconteste que esses aparelhos, agora conectados à internet via 3G, wireless ou outras tecnologias de comunicação sem fio, constituem-se em ferramentas importantíssimas para suprir parte das deficiências dessa escola sucateada e mal assistida. No entanto, as políticas restritivas ao uso desses aparelhos partem desde os gestores políticos (governos e secretarias) até os gestores da base (direção, coordenação e corpo docente).
Não é concebível que um aluno que estuda em uma escola que mal oferece água fresca e potável para seus alunos, quem dirá então bibliotecas modernas, salas-ambiente, laboratórios e apetrechos facilitadores (como calculadoras, computadores, dispositivos de som e imagem, etc.), possa proibir seus alunos de usarem seus smartphones sob a alegação de que eles atrapalham a aprendizagem. Que aprendizagem? Em quais índices, pesquisas ou avaliações vê-se demostrada essa aprendizagem que tanto se fala em preservar?
Experiências feitas em uma escola pública onde os alunos tem relativa liberdade de uso de seus smartphones e possuem ainda acesso livre a uma conexão wireless, mostraram que tanto esses quanto os seus professores fizeram usos mais produtivos do que problemáticos desse aparelho. Na contramão da inovação, mas ainda representando a grande via atual onde trafegam as nossas escolas, aquelas onde há uma política rígida de proibição de uso de smartphones não só não comprovam nenhum ganho de aprendizagem em relação a outras menos restritivas como também não conseguem restringir de fato o uso desses aparelhos e, por causa disso, têm problemas adicionais com a administração dos conflitos inevitáveis advindos dessa política.
Em artigos anteriores [1] [2] já tratei das diversas possibilidades de uso dos smartphones (e mobiles em geral), mas cabe também tratar uma nova questão que se apresenta a partir do uso inevitável desses aparelhos por parte dos alunos: de forma independente dos seus professores (que proíbem ou não usam pedagogicamente esses aparelhos) os alunos estão descobrindo formas de uso que facilitam seus estudos.
Esse movimento de “uso pedagógico dos mobiles e TDIC não assistido por educadores” sempre existiu, ainda que veemente negado por professores que “abominam” o uso das TDIC, e vem se acentuando nos últimos anos. Alunos atualmente, e à margem de qualquer orientação pedagógica, utilizam seus smartphones para agendar suas tarefas, consultar dicionários e enciclopédias, pesquisar sobre temas que aprendem em aula, registrar lousas e quadros de aviso por meio de imagens, trocar informações com colegas e até mesmo praticarem outras línguas. Sem falar do desenvolvimento de raciocínio lógico-estratégico a partir dos tão odiados (por alguns professores) games.

Pressão e repressão no sistema educacional

De parte dos professores também é crescente o uso das TDIC à margem dos seus gestores imediatos e mais distantes e, infelizmente, à margem de uma metodologia pedagógica e consistente de uso. Esse movimento vem ganhando massa crítica e em muitas escolas já começa a produzir uma pressão favorável à modernização dos processos de ensino que vão da preparação e execução de aulas até a documentação burocrática. Em alguns casos, felizmente, esse movimento também tem contaminado outros docentes e se disseminado para além dos muros locais da escola por meio das redes sociais.
Em escolas onde os professores passaram a fazer uso frequente e consistente do projetor multimídia, por exemplo, já há pressão para a aquisição de mais aparelhos, salas apropriadas, conexão à internet de melhor qualidade, etc. Onde professores inovadores começam a organizar e gerenciar o uso de mobiles ao invés de proibi-los, há pressões para a flexibilização de regras de convivência e a própria noção de autonomia de cátedra começa a renascer. Até mesmo a documentação burocrática do professor, melhor descrita pela presença ainda arqueológica da velha “caderneta escolar”, já começa a sofrer modificações graças a iniciativas de uso de documentação eletrônica e mesmo online [3].
A toda essa pressão inovadora se opõe, muitas vezes, a repressão de coordenadores, diretores e supervisores escolares que ainda vivem sob os auspícios tardios do sistema repressor da ditadura militar e que, via de regra, se enquadram nos moldes daqueles educadores que perderam o rumo nas últimas duas décadas. No entanto, não há suporte legal nem pedagógico para ações repressivas aos professores inovadores e, por isso, pouco se fala sobre o tema a fim de não trazê-lo à tona para a discussão (visto que seria uma discussão perdida).
Do ponto de vista da gestão das políticas educacionais, ainda que o governo federal e alguns governos estaduais tenham empreendido algumas políticas de inclusão digital, pouco tem sido feito, de fato, para promover o letramento digital de toda a máquina educacional. Não há, por exemplo, políticas claras sobre o direcionamento dos movimentos de inovação, sobre um currículo de letramento digital ou mesmo algum consenso sobre um pacote mínimo de apetrechos e logística para dar suporte às novas tecnologias nas escolas. O que se tem visto em muitos locais são apenas pequenos projetos pilotos, muitas vezes encabeçados por institutos e fundações do terceiro setor, que são usados mais para o marketing político nas campanhas eleitorais (ou o marketing social das organizações não governamentais) do que como projetos visando toda a rede onde são implantados para teste.
A pressão necessária para o surgimento de políticas públicas mais consistentes nessa área depende menos dos atores das redes educacionais do que da mídia e de um conjunto de formadores de opinião que estão mais presos a paradigmas econômicos do que educacionais. Portanto, nessa esfera só podemos atuar de forma organizada e estrategicamente pensada em termos político-econômicos, o que infelizmente não acontece no universo das redes educacionais depois do desmantelamento e desvirtuamento dos sindicatos de classe.

Conclusões

A escola atual já é nativa digital, pois seus alunos são nativos digitais e a sociedade onde vivem faz uso ostensivo das TDIC. Independentemente das políticas locais, estaduais ou federais relativas às novas tecnologias, elas existem dentro da escola, ainda que escondidas nos bolsos dos alunos na forma de um smartphone. Por outro lado, professores e gestores, em grande número, são órfãos pedagógicos de uma escola que se viu sem rumo nas últimas duas décadas e que perdeu a competência de ensinar sem ou com novas tecnologias.
Nesse contexto, as novas tecnologias representam oportunidades tanto de inovação tecnológica quanto pedagógica, pois com elas se pode também trazer a capacitação que falta aos professores para o domínio próprio de seu fazer pedagógico, a capacitação de gestores para lidarem com as novas demandas oriundas de qualquer inovação, e não apenas a tecnológica e, no limite, aos gestores de políticas públicas por meio da reengenharia das redes educacionais, sem a qual estaremos apenas remendando as muletas de uma escola aleijona.

Por ser dinâmica, a escola se transforma mesmo à revelia de políticas públicas globais ou locais, mas a pressão local que se inicia com as demandas dos próprios alunos e se expande para o corpo docente pode levar à mudança de diversos paradigmas e a redescoberta da autonomia da escola, dos objetivos da gestão em todas as esferas das redes educacionais e, no limite, a reengenharia das redes educacionais com políticas públicas de inclusão e letramento digitais consistentes com as demandas mais atuais.

Fonte: http://professordigital.wordpress.com/tag/tic/

terça-feira, 17 de junho de 2014

Elite da escola pública supera rede privada no Enem

Candidatos de escolas públicas e privadas tiveram piora de rendimento em redação

Os melhores alunos das escolas públicas do País tiveram resultados superiores aos da rede privada em três das cinco áreas
avaliadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012. A comparação, divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) nesta segunda-feira, 25, inclui alunos das escolas federais, que tiveram as maiores notas entre todos os que fizeram a prova. A rede estadual, que concentra mais de 50% dos concluintes que participaram da avaliação, ficou com os piores
resultados.
Os piores resultados do exame foram da rede estadual - Elza Fiúza/Agência Brasil
Elza Fiúza/Agência Brasil
Os piores resultados do exame foram da rede estadual
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, explica que a comparação foi feita usando os 215.530 melhores alunos da escola pública, mesmo número de estudantes das escolas privadas que fizeram a prova. "Nossa preocupação são as cotas. Este ano, 25% das vagas do SiSU (Sistema de Seleção Unificada das universidades federais) vão para alunos de
escolas públicas. Esses 25% das escolas públicas são melhores que as escolas privadas", afirmou.
Os 215.530 representam 31,5% dos estudantes que tiveram suas notas do Enem divulgadas - para calcular as médias o MEC só considera estudantes que estejam concluindo o curso e oriundos de escolas que tenham pelo menos 10 alunos fazendo a prova. Além disso, o grupo precisa representar pelo menos 50% dos concluintes daquela instituição.
Desempenho. Os melhores estudantes das escolas públicas tivera maiores notas em Linguagens e Códigos - Português e língua estrangeira, com 593,74 pontos, Ciências da Natureza (576,76), e Redação (616,6). Na comparação entre as redes, as escolas federais tiveram os melhores resultados em todas as áreas, chegando a 625,24 em matemática e 613,07 em redação.
Os piores resultados são da rede estadual, que concentra a maioria dos concluintes. Ainda assim, as médias subiram em três das cinco áreas, na comparação com o ano passado. Caíram Linguagens e Códigos, de 527 pontos para 513, e Redação, de 507 para 491,41.
A rede federal teve queda das notas em quatro áreas: Linguagens, Matemática, Redação e Ciências da Natureza. Nas escolas particulares as médias foram inferiores a 2011 também em Linguagens, Redação e Matemática, o mesmo que nas redes municipais.
O Enem por escola será divulgado nesta terça-feira, 26, pelo MEC. As notas levarão em conta as médias apenas dos estudantes que estavam terminando o ensino médio em 2012 e só serão consideradas as escolas com um número representativo de alunos.
Apenas 11.239 escolas terão suas notas divulgadas, de um total de 25.744 instituições com 3º ano do
ensino médio existentes no País.  "Temos interesse em usar a média do Enem como avaliação do ensino médio no futuro", afirmou o ministro.
Por isso, o ministério tem feito adaptações no cálculo das notas para deixar os resultados mais fiéis à realidade. Hoje a única avaliação do ensino médio usada pelo MEC é a Prova Brasil, que tem uma amostra muito inferior a dos alunos que fazem o Enem.

domingo, 15 de junho de 2014

"Educação a Distância alavanca o acesso ao ensino no Brasil

Dados do Censo da Educação Superior 2012, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), apontam que a Educação a Distância (EAD) cresceu mais que a educação presencial de 2011 a 2012, no Brasil. Em um ano, de acordo com o Censo, houve um aumento de 12,2% nas matrículas da EAD, enquanto que a educação presencial teve um aumento de apenas 3,1%. “Este número, ainda que baixo, é muito significativo. Isso porque esta modalidade eficaz permite a popularização da educação, não a restringindo pelo difícil acesso, pela dificuldade de compreensão de conteúdo ou por outros tantos fatores, o que contribuiria para melhorias no cenário educacional atual”, explica Karin Schneider Lima, Coordenadora de Ensino a Distância do Centro Universitário UNINTER.
Karin ressalta que este aumento no número de matrículas aconteceu também devido ao crescimento do acesso à tecnologia. “Com a facilidade de acesso, ficou mais fácil estudar. Além disso, com o crescimento das classes C e D as pessoas desmitificaram o uso da tecnologia e acabaram tendo a possibilidade de estudar por meio de um curso a distância, cujo método consegue quebrar as barreiras que dificultam a continuidade no ensino”, comenta.
Para a especialista, o futuro da educação anda lado a lado com o Ensino a Distância, e o Brasil deve ter cada vez mais alunos buscando este tipo de ensino. “A Educação a Distância pode, inclusive, ser trabalhada em conjunto com a sala de aula, melhorando a educação qualitativa do nosso país. Por sua vez, o Estado deveria investir e facilitar cada vez mais a expansão da EAD, pois isso garantiria aos cidadãos pelo menos uma considerável diminuição dos tristes números que hoje envolvem a educação brasileira, de uma forma geral”, finaliza."