quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Uma "quase" bricolagem sobre "Bricolagem".‏ I

Bricolagem é um termo com origem no francês "bricòláge" cujo significado se refere à execução de pequenos trabalhos domésticos, sem necessidade de recorrer aos serviços de um profissional.
O processo de bricolagem está relacionado com o conceito de DIY (Do It Yourself) que significa "Faça você mesmo", um conceito criado nos Estados Unidos, na década de 1950.

"Na sociedade da informação, o termo passou a ser sinônimo de colagem de textos ou extratextos para a produção de uma nova obra ou atividade, já que o texto que se constrói a partir de uma dinâmica da bricolagem não admite a possibilidade de ser governado por qualquer lógica científica e caminha para uma conclusão inesperada."
Os diversos procedimentos adotados pelos alunos, que vão desde a pesquisa de fontes até a concretude do trabalho final, são um trabalho quase que de "garimpagem", para se encontrar a informação desejada, num mar quase infinito de possibilidades que é a internet. Com a atitude de um bricoleur, o aluno-navegador faz o trabalho de busca, de recortes e de colagens que tem como base os textos obtidos no espaço virtual e, a partir daí, começa um verdadeiro trabalho de "alfaiataria" que envolve cortes, recortes, ajustes, reajustes e colagens. Tudo é feito na tentativa de construir ou produzir seu próprio conhecimento.

[...]Tudo isso mostra que a construção do saber na era da internet é uma prática de bricolagem em meio a um contexto rizomático, já que o processo de aprendizagem acontece graças à construção de link que se pode realizar entre as diversas fontes de informação e de saber, o que, naturalmente, viabiliza novos modos de construção de saber e de aprender. Portanto, pode-se destacar que a não-hierarquização, a descentralidade e a desterritorialidade do saber e da informação são características marcantes no processo de ensino-aprendizagem da sociedade da informação."

"Tecendo a Colcha de Retalhos: a bricolagem como alternativa para a pesquisa educacional. Marcos Garcia Neira / Bruno Gonçalves Lippi
 A intensidade das mudanças sociais em curso colocou em xeque o legado da modernidade. As verdades elaboradas pela ciência moderna têm sofrido fortes abalos. Até mesmo o modo de produzir conhecimentos é questionado nos tempos atuais. Dentre as alternativas emergentes, encontra-se a bricolagem. Os bricoleurs apelam para uma variedade de métodos, instrumentos e referenciais teóricos que lhes possibilitem acessar e tecer as interpretações de diferentes origens. Impulsionados pelos Estudos Culturais, denunciam as relações de poder que influenciam os discursos científicos postos em circulação. O presente artigo discute os pressupostos e procedimentos metodológicos e oferece um exemplo de uma pesquisa educacional inspirada na bricolagem."
"[...]Educ. Real., Porto Alegre, v. 37, n. 2, p. 607-625, maio/ago. 2012.
"[...]No campo da pesquisa, os Estudos Culturais apelam a qualquer perspectiva teórico-metodológica que colabore para produzir o conhecimento exigido.  Nelson, Treichler e Grossberg (2008) consideram que essa metodologia, "[...]
ambígua desde o início, pode ser mais bem entendida como uma bricolagem. Isto é, sua escolha da prática é pragmática, estratégica e autoreflexiva" (p. 09). Os autores julgam problemática a adoção acrítica das práticas disciplinares formalizadas pela academia, pois carregam uma herança de investimentos, exclusões e uma história de efeitos sociais que os Estudos Culturais repudiam. Por essa razão, Frow e Morris (2006) sugerem a utilização da análise textual, a recorrência a diversas fontes e a utilização eclética de variados métodos e técnicas de pesquisa. Ao questionarem as formas positivistas de produzir conhecimento, os Estudos Culturais valorizam "o ato de 'situar' objetos particulares para análise" (p. 321) e apelam a múltiplas leituras de mundo para compreender como se constroem as representações atribuídas a qualquer prática cultural."


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